terça-feira, 18 de outubro de 2011

A VERGONHA ALHEIA


Faço minhas as palavras do Ricardo Setti e do Bolognese, que incansavelmente publicam fatos sobre a escandalosa situação em que o Governo jogou milhares de trabalhadores na miséria, criando artificios legais para lucrarem uns tostões e "materem" mais de 500 pessoas. No meu entendimento leigo, isso se chamaria de assacinato coletivo por indução ou estímulo, que no caso foi a legalização de um roubo ou estelionato. Tudo isso com as bençãos de um poder que deveria estar ocupando espaço para defender os trabalhadores de injustiças como esta, mas acharam por bem (deles) deixar a coisa ao sabor das ondas e do tempo. Como disse uma personalidade falecida há pouco tempo, e endeusada pela midia e pelos ignorantes do país, "... que morram...", mas este em particular começou apagar pela sua ignorancia ainda por aqui, mas isso é outra história ... um dia comentamos sobre tal fato ... Mas por enquanto fica o apoio aos colegas de aviação e o protesto contra essa sacanagem institucionalizada que essa corja fez o favor de impor a pessoas de bem, já que a essa categoria eles não pertencem (Voces sabem que estou falando de suas excelencias !).

Abaixo segue o artigo que o Ricardo Setti publicou na Veja com o link para a postagem anterior do Bolognese ...

Publico hoje, como Post do Leitor, esse justíssimo desabafo do amigo do blog José Carlos Bolognese, comissário de bordo aposentado da Varig.
O texto é autoexplicativo, mas os detalhes da tragédia dos ex-funcionários da extinta Varig que contribuíram uma vida inteira para o fundo de complementação de sua aposentadoria, o Aerus, e levaram um colossal calote estão em post anterior do próprio Bolognese, que merece ser lido.

Neste dia 12 de outubro atingimos a incrível, inaceitável e injustificável marca de 5 anos e meio de um covarde e arbitrário calote em nossa aposentadoria. Mas, falar em perda de poupança e pensão é muito pouco, pois esses termos, por mais que se esforcem, não podem definir o que é passar a vida trabalhando, atento ao passar dos anos, poupando para um futuro um pouco menos incerto e descobri-lo comprometido pela irresponsabilidade de terceiros.
Aposentar-se de um emprego de muitos anos não significa retirar-se da vida. Ao contrário, poderiam ser os melhores da vida de um trabalhador se o trato fosse feito com gente séria. Contudo, da maneira como são tratados os aposentados nesse país, parece ser o sonho dourado de todos os governantes brasileiros, senão mesmo uma política de estado, ver o trabalhador ser extinto junto com seu emprego.
Não é incomum uma pessoa em situação como a nossa, remexer o passado e se perguntar com algum embaraço, se fez algo de errado. Com vergonha até, perguntar-se, se contribuiu para o seu sofrimento e o dos familiares. Mas não é preciso ir muito longe para descobrir que se há uma vergonha aí, ela não lhe pertence. É uma vergonha alheia, criada por mentes que não abrigam esse sentimento.
Desde o começo – antes e depois do fim da Varig – os fatos que contam são:
1) Um fundo de pensão privado foi criado para complementar as aposentadorias dos trabalhadores na aviação.
2) A estrutura jurídica do Aerus foi baseada em leis vigentes no país – e não comprada em uma banca de camelô.
3) Os funcionários das empresas pagaram religiosamente a sua parte no contrato.
Nada disto foi defendido, fiscalizado ou protegido pelo Estado como era sua obrigação. Daí, a trágica situação em que se encontram os aposentados do Aerus até este mês de outubro de 2011. Sem esquecer os demitidos e os familiares dos mais de 580 que faleceram se ver solução alguma.



Quando reclamamos nossa aposentadoria de volta, não damos a ninguém o direito de duvidar que seja legítima. Nós realmente pagamos parte de nossos salários segundo um modelo instituído dentro de perfeitos marcos legais.
Assim como uma mentira não vira verdade só por ser muito repetida, uma verdade não vira um delírio só porque sua repetição incomoda.
Eu também concordo com o ministro do STF quando ele fala de uma emenda que pode tornar a justiça não apenas mais ágil, mas… muito mais ágil. Concordar é uma coisa. Acreditar porém, é bem outra. Em que mundo vive essa gente que sempre, ao ser questionada, declara-se comprometida com os mais profundos interesses sociais, mas não consegue ou não se esforça para ir do discurso à prática?
Das autoridades aceitaria com prazer se, ao declararem suas boas intenções, estivessem sinceramente compreendendo que nós, ao falarmos do calote em nossa aposentadoria, estamos falando em termos muito reais, que nos faltam recursos para pagar um plano de saúde.
Em vez de declarações genéricas sobre princípios republicanos, geralmente desprezados no mundo real, preferia que um ministro, uma autoridade dessas, perguntasse como é que a gente faz pra viver. De que forma vivemos o problema de não poder ir ao dentista quando um dente dói. Quando e como compramos um par de óculos novos porque o nosso quebrou ou ficou defasado. Se temos acesso ao lazer e, se ele, como às demais pessoas, faz falta.
De minha parte quero deixar bem claro que não serei grato a nenhuma autoridade, pois ao virem com uma solução para o Aerus, depois de tantos anos sabendo o que essa demora acarretou, não vão pensar por certo naqueles aos quais ela não alcançou. Serei grato apenas a Deus e aos colegas que realmente se empenharam desde o começo para reparar um injustiça histórica. Às autoridades concederei apenas os cumprimentos por terem afinal enxergado a luz da razão.
A caminho do sexto Natal sem o nosso dinheiro, esperamos que essa luz ilumine essas autoridades dissipando as trevas da hipocrisia. E se mais este Natal for como os últimos cinco, quando passamos vergonha por não podermos estar como pessoas normais, vamos lembrar que é a vergonha dos outros que faltou se mostrar. A vergonha alheia.

Um comentário:

  1. Valeu André. Eu também coloquei este texto magnífico ( mesmo relatando um caso grave e muito triste ) que o Bolognese escreveu no blog dos aposentados e demitidos varig.
    http://aposentadosedemitidosvarig.blogspot.com
    Espero que vc possa estar conosco no dia 22 de outubro na Ilha do Governador para mais uma Manifestação sobre a causa AERUS VARIG e também para pedir a preservação da Área de Lazer da VARIG por quem comprar a mesma em Leilão.

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