terça-feira, 24 de agosto de 2010

MATARAM A VARIG

DC-3 ...

Repassando via e-mail do amigo Resende ...







FEZ-SE O CAOS AÉREO

Diário de Teresópolis 17/8/10



“ COLUNA DE ISIS MÜLLER ”
Acho facílimo voltarmos no tempo para felizes recordações. Na ‘era’ da

VARIG nunca vimos a balbúrdia que hoje se distribui por todos os

grandes aeroportos do país. Lembro-me que junto à VARIG trabalhavam a

Cruzeiro ( que saudades), a VASP e a Transbrasil. Chegávamos no

embarque, tranquilamente, aproveitando os momentos de expectativa para

deliciosos dias de férias. É verdade: essas começavam até mesmo antes

de entrarmos no avião. A voz doce que falava ao microfone, anunciando

a partida dos vôos, preparava os espíritos para as aventuras

programadas nos campos ou nas praias, no Brasil ou no exterior. Era

muito bom! Havia uma calma surpreendente, que abrange todas as

organizações que cumprem seus deveres, e essa suavidade passava de

semblante a semblante de passageiros e tripulantes confiantes e fiéis.

Era bonito de se ver as aeronaves da VARIG, Transbrasil, Cruzeiro

estacionadas nos pátios, embarcando ou desembarcando turistas,

senhores e senhoras a trabalho, crianças carregando ursinhos à mão...

( Não esqueçamos a Panair do Brasil!)

A viagem aérea ainda continha aquele místico aspecto dos anos

cinquenta, quando as mulheres colocavam o melhor vestido, óculos com

cristais nas hastes, um lenço charmoso, para a época, nos cabelos, os

saltos muito altos, a maquiagem impecável, uma frasqueira discreta e

belíssima e para finalizar, duas gotas de ‘Chanel’ nos cantos do

rosto. Os cavalheiros eram distintos, quase sempre em seus ternos

impecáveis, e viviam nas viagens, também, momentos de descontração e

prazer . Invariavelmente a tripulação era simpática; trabalhava

cumprindo normas de segurança responsável. Acidentes com aeronaves

houve em todas as épocas e nós nos lembramos deles como fatalidades

recobertas de luto.

Forçaram a saída da VARIG do mercado; a companhia aérea havia comprado

a Cruzeiro, a princípio, e depois de variações na administração,

continuou a VARIG sendo a ‘Bandeira do Brasil’, nos aeroportos de todo

o mundo. A Transbrasil e a VASP garantiam a circulação e a harmonia na

aviação civil brasileira. Mas, implodiram a VARIG em nome da ganância

de grupos não comprometidos com a eficiência, segurança, humanidade e

tradição.

À época muitos funcionários que, de repente, se viram desempregados de

uma atividade absolutamente específica, entraram em desespero; tinham

família para sustentar. O que fazer? Um grupo deles, uniformizados,

foi a Brasília e ao encontrar a Ministra Chefe do Gabinete Civil,

Dilma Roussef, suplicaram os tripulantes àquela senhora, primeira

pessoa de decisões no governo Lula, que interviesse no desastroso

desmoronamento, pois a situação era urgente, angustiante e agressões

pela falta de opção já se verificavam em vários estados do Brasil.

Nunca nos esqueceremos da forma como andava Dilma Roussef à frente

daqueles trabalhadores, com a cabeça erguida e repleta de soberba (

soberba daqueles que tem tudo e não dão nada a ninguém). Nela não se

via um olhar de piedade e dizendo que a VARIG era ‘devedora’ não faria

absolutamente coisa alguma, para tentar contornar a situação dos novos

desempregados brasileiros. ( Vide as gravações televisivas dos

jornais da época). Os funcionários além de ‘ no olho da rua’,

assistiram sua previdência ser confiscada. A ‘Aerus’, que recebeu

durante tantos anos suas contribuições mensais, não lhes daria mais

nenhum centavo. Como esses profissionais continuariam a viver? Alguns

se suicidaram! Alguém, um dia, vai pagar por isso! Outros vivem na

mais absoluta pobreza! Pouquíssimos conseguiram emprego em outras

companhias de aviação! Muitos não puderam fazer mais nada, pois

pilotar aviões é uma atividade que nos currículos enviados a empresas

de outro gênero, não se enquadra em nenhum setor. Hoje, encontramos

com facilidade pilotos e comandantes, repletos de experiência,

abandonados por aí.



E diante desse enorme absurdo brasileiro vimos a entrada nesse

mercado, das novas companhias, a TAM e a GOL. Aí, então, instalou-se o

caos. Nunca mais os aeroportos voltaram a ser como antes. Os vôos

jamais têm horários confiáveis. As filas são imensas para o chek-in e

o desconforto leva os passageiros ao desespero. Dorme-se pelo chão,

ninguém sabe informar coisa alguma, inventam-se mil desculpas idiotas

para a justificativa dos atrasos. Isso não tem fim, nem nunca terá!

Acabou-se a era dos sonhos e do romantismo das asas de um avião.

Empresas aéreas brasileiras, no terceiro milênio, são traduzidas pelo

sentimento de horror! Pesadelo! Muito, muito medo! Há poucos dias

vimos reportagens nas TVs, de que as tripulações não são respeitadas

quanto às indispensáveis observações de horas de vôo, ou seja, os

aeronautas quase vivem nos aparelhos, voando muito mais do que

deveriam. Do cansaço para tragédias é questão de minutos, ou, talvez,

segundos. Entrevistados disseram que faltam pilotos e comandantes.

Tanto o governo, quanto os proprietários das empresas aéreas não se

importam com os perigos iminentes que envolvem seres humanos em

desastres aéreos; o dinheiro e o lucro são os únicos resultados que

para eles fazem a diferença. Mesmo que seja utópica a minha sugestão,

por que não recriar a VARIG, colocando-a a todo vapor no mercado?

Afinal de contas, bem ou mal ela ainda existe; como um nada, mas ainda

existe. Insisto: por que não investem no retorno da segunda bandeira

do Brasil, que é a VARIG? Está claro que precisamos de aviões e de

tripulação treinada, de veteranos que possam ensinar os mais modernos.

A quem interessou ou interessa o completo enterro da VARIG? Sem a

intenção de inventar um milagre, asseguro que essa seria a solução

para o caos que se instalou nos transportes aéreos brasileiros; o

mundo inteiro já conhece essa nossa situação de décimo mundo! Os

aeroportos do Rio e de São Paulo nada mais são, hoje, do que a velha

Central do Brasil.

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